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Baseado no livro homônimo de Hiram Firmino, conta a trajetória do Hospital Psiquiátrico de Barbacena, onde 60 mil pessoas morreram. Pacientes, funcionários, famílias e sociedade são retratados em cenas por nove atores.

Trazer aos palcos o cotidiano de pacientes com transtornos mentais é uma possibilidade de discussão de um assunto sempre delicado para a nossa sociedade, tão acostumada a rejeitar todos aqueles que não se encaixam nas normas sociais cosntruídas de acordo com o poder e a cultura temporal.

 
O livro "Nos Porões da Loucura" teve um grande impacto na época de sua primeira edição. Tal impacto permance, tendo em vista que o sofrimento humano é o mesmo, desde as mais antigas civilizações. O que nos une é também o que nos separa. Ao criar leis e normas de convivência, possibilitamos a vida em grupo. Mas excluímos, de forma cruel e impiedosa, todos aqueles que, por diversos motivos, não cantam conforme a melodia hegemônica.


Com esse espetáculo pretendemos expor a dificuldade de cada um em se confrontar com um pedaço de nós mesmos que pretendemos, a todo custo, esconder. Porque o caminho da loucura é fácil e doloroso e o trajeto é breve. Estamos sempre a um passo do abismo onde tantos ousaram mergulhar. Como o Estado trata essas pessoas? As famílias? A classe médica? Qual a relação entre os pacientes? E entre os profissionais que trabalham nos hospitais psiquiátricos? Qual a nossa responsabilidade com essas pessoas? A reflexão é uma das mais importantes esferas da arte, e é nesse atributo que investimos para termos um espetáculo de modificação da platéia.


É certo que a luta antimanicomial ganhou várias vitórias ao longo das últimas décadas no Brasil. Entretanto o tema permanece importante, espinhoso, já que o preconceito unido a ignorância impossibilita boa parte desses pacientes de se inserirem, verdadeiramente, na sociedade.


A preservação da memória é outro ponto de destaque no projeto. Almejamos uma manutenção do espanto quanto a metodologia, posologia ou qualquer outro desrespeito que tantas pessoas viveram e ainda vivem. Frente a dor do ser humano não há descanso possível.

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